"O tema, sem dúvida, é atual. Porém, algumas questões devem ser vistas com muito cuidado, principalmente em um trabalho científico.
A questão das fake news perpassa, necessariamente, pela cláusula da liberdade de expressão. Até que ponto a luta pela diminuição do uso da mentira em campanhas políticas pode restringir a liberdade de manifestação? Não acho satisfatório argumentos como "não existe direito absoluto", porque, além de um truísmo, ele pode ser usado como mera retórica a justificar a agressão a qualquer direito fundamental.
De outro lado, a outra questão que se mostra impositiva é a quem atribuir a atividade de ditador oficial da verdade. Ao Estado? Às agências de checagem? Às big techs? Com qual legitimidade?
Por último, penso que não se pode esquecer que proteger os eleitores de fake news é uma atividade paternalista. Por que devemos acreditar que o povo, como se fosse um ente incapaz, decidiu uma eleição - ou várias - enganado? Se existe a mentira em eleições há muito tempo, como provar - sem achismos - que ela foi decisiva da vontade popular? Aliás, as regras eleitorais restritivas da liberdade de expressão - como limitação de outdoors - há muito existem e, ao menos no meu conhecimento, não há relação de causa e efeito - senão mera correlação - de que elas diminuíram ou evitaram disseminação de mentiras ou influências externas ao eleitor.
Enfim, o tema deve ser pensado principalmente nessas bases, a meu ver.
Obrigado."
Enviada em 29/10/2021 às 15:10:41 horas.