"Primeiramente, parabéns aos autores pelo presente trabalho. O tema é de grande relevância social diante de uma sociedade cuja subjetividade do homem é formatada como um ser hegemônico. Sobre a apresentação em vídeo, percebo que o autor tem conhecimento sobre o tema, porém percebi uma ausência de segurança na comunicação. Sobre isso sugiro uma leitura sobre comunicação pública que pode ser de grande valia para os autores (https://www.jovemcomciencia.com/2017/12/como-falar-em-publico.html). Sobre o tema do trabalho, gostaria de saber dos autores sobre os processos de subjetivação do homem e sua relação com a religião atualmente. Obrigado."
Enviada em 30/10/2020 às 10:49:35 horas.
RESPOSTA DO AUTOR:
"Olá, boa tarde. Estou grata pelas contribuições. Em relação às "travadas" de minha pessoa, fico muito grata de ter tido o tato e a percepção para ter sido afetada em relação às minhas inseguranças; sempre, para mim, haverá espaço para aprendizado. Apreciei e ainda terei muito a apreciar da leitura proposta.
Com relação às reflexões propostas, assim como das ideias apresentadas, acredito que foram de grande precisão e pontualidade; considerando os contextos em que estamos inseridas no dia-a-dia, com um aumento de discursos neoconservadores, figuras religiosas estão tomando outras formas de reconhecimento, partindo como justificativas para discursos a-humanitários. Nisso, poderíamos fazer uma relação com o fato de que esta violência, isto é, a formatação do discurso fascista, é uma forma de violência e busca legitimizar um grupo, normalmente hegemônico. Considerar os pápeis sociais e as performances homens como hegemônicas é um pressuposto necessário para estudar relações de gênero, e aqui, não seria diferente; tendo isso em mente, do mesmo modo que grupos religiosos, e grupos não-religiosos (mas que adaptam um discurso religioso) usam da violência como forma de buscar um espaço, e revogar espaços anteriormente "conquistados" através de lutas sociais de outros grupos. Acredito que possa estar saindo do ponto, ou estar criando um ponto totalmente diferente, porém acredito ser interessante considerar como grupos fascistas usam da mesma lógica de subjetivação que homens, que através da violência e da negação do diferente, se consegue fôlego.
Porém, isso pode, também, passar por outra ótica de discussão. Se partirmos do pressuposto que homens num contexto social são detentores de conhecimento ou tidos como referência, numa logica religiosa não seria diferente. Quando analisamos os contextos em que estamos inseridas, eurocentrados, ocidentais, colonizados, nos deparamos com certas linhas de subjetivação que de nós são esperadas, como, por exemplo, o fato de sermos um país cristão; de nós, é esperado que relacionemos "religião" com cristianismo. A partir disso, então, entraríamos num jogo de relações bastante similares, se comparados — os círculos de socialização de homens são baseados em enrijecer-se e esperar que "algo seja", isto é, "que eu não seja homem errado". Similarmente, em círculos religiosos, nós temos críticas relações de subjulgação, geralmente tão-somente baseadas no modelo-de-ser. Performances hegemônicas dentro do âmbito religioso são comuns e esperadas, pois religiões são baseadas em dogmas estritamente definidos; tal seriam, similarmente, os rituais de masculinidade, de endurecer, de "entoxicar-se" para se tornar homem. Ainda, analisando os conceitos de panóptico e espaço de confissão foucaultianos, tanto no âmbito religioso quanto "masculino" temos momentos de confissão para que o incorreto torne-se correto, e esses momentos são essenciais para a construção das performances. Espero que tenha apreciado minhas reflexões. Estou grata."
Respondida em 30/10/2020 às 15:25:13 horas.