"Excelente trabalho Nikita!!! Sou negro de pele branca (miscigenação) e tenho muito orgulho de ser bisneto de negro (bisavó e bisavô), ter vivido como neto de uma mulher negra (avô materna) e sempre vi a negritude como belo, atrativo, desejável e bom!!! O estigma imposto pelos outros não pode ser usados por nós. Todos tem liberdade de se produzir como quiser, mas negros que se assumem e se produzem de acordo com sua cultura, tem muito mais poder. A construção histórica da beleza imposta pelo mundo europeu sobre a população, produzindo desejo em nossas crianças pelas princesas da Disney, em sua maioria branca de olhos claros, podem ser respeitadas e valorizadas para a população branca, mas nós temos que nos assumir, nos amar e viver a beleza que temos por dentro e por fora. Parabéns, senti orgulho de seu trabalho e exposição."
Enviada em 29/10/2020 às 21:34:35 horas.
RESPOSTA DO AUTOR:
"Agradeço pelo comentário! É um privilégio muito grande crescer com referenciais positivos da negritude! Também sou neta de uma mulher negra muito forte, à frente de seu tempo, negociante e foi a primeira mulher da cidade dela a dirigir um automóvel, e meu pai é um homem negro referencial para mim, que me ensinou a acreditar mesmo nos meus sonhos mais loucos. Nossas origens dizem muito a nosso respeito. Concordo com você que os estigmas impostos socialmente não devem ser internalizados por nós, contudo, quando pessoas negras crescem sujeitas à uma sociedade impregnada de valores racistas, essa visão degradante da imagem do negro pode ser absorvida mesmo que de forma inconsciente e ferir gravemente a formação identitária do sujeito, e não podemos culpabilizar os negros por essa dor imposta. Lembrando sempre da política colorista que vigora e a pigmentocracia, segundo a qual quanto mais retinta a pele, maiores são os prejuízos, preconceitos e racismos sofridos pela pessoa. Considerando ainda o "não-lugar" das pessoas fruto de relações interraciais, que são ditas socialmente como muito escuras para serem brancas, e muito claras para serem negras. O grito de reconhecimento da negritude é um resgate de si mesmo e o abraçar de nossa ancestralidade. O auto ódio gerado fere a subjetividade do sujeito e o processo de tornar-se negro, reconhecendo sua cultura, valor e beleza é doloroso, por isso considero essencial a compreensão da PSICOLOGIA PRETA, que considera o impacto das racialidades sobre a saúde emocional do sujeito, acolhendo-o em sua totalidade e proporcionando um espaço seguro de cura. Assim, o amor à nossa própria beleza nasce desse ressignificação dos valores, compreendendo-se pertencente a todos os espaços!"
Respondida em 30/10/2020 às 12:36:01 horas.