"Primeiramente, gostaria de parabenizar aos autores pela produção amplamente relevante dentro das questões LGBTQIA+, que tem sofrido um retrocesso por questões de discursos de pós-verdade, legitimados por autoridades políticas, religiosas e/ou de relevância social sobre as massas. Percebemos que, não muito distante, todos os grupos de pessoas abraçados por essa sigla eram reduzidos a letra "G". O papel da mulher lésbica na sociedade heteronormativa é desqualificado pela visão da ausência da penetração, o que configuraria nesse modelo, o ser mulher. Partindo desse entendimento, gostaria de saber mais da visão de vocês autores, sobre o processo de amadurecimento da mulher lésbica diante de relações poliafetivas, entre outros arranjos transgressores, assim como de suas vivências do auto-toque e auto-prazer. Abraços."
Enviada em 29/10/2020 às 19:04:38 horas.
RESPOSTA DO AUTOR:
"Olá Avaliadxr!
De início, nós também agradecemxs imensamente pelos elogios quanto a temática, e principalmente, a contribuição que você trouxe a respeito da redução a margem que essa população é colocada dentro da própria historicidade. Assim sendo, muitos estigmas a respeito do papel da mulher lésbica, até hoje ainda fazem-se pela validação através da heteronormatividade, ou seja, esse corpo é legitimado se for objeto de desejo do homem cishetero como também pode ser considerado um desvio por distanciarem da norma de práticas que envolvam a penetração, ainda mais se isso envolver tais práticas no envelhecimento. Colocando-o mais uma vez esse corpo a margem, que por envelhecer distancia-se de ser objeto de desejo por padrões de beleza impostos, assim como esse corpo inviável a sentir desejo. Diante desse contexto, com a contribuição trazida a respeito das relações poliafetivas e transgressoras, não nos debruçamos na nossa pesquisa nesse sentido, por estarmos em estudos iniciais, nosso objetivo com essa temática foi colocar em tela a vivência das mulheres lésbicas no envelhecimento, no lugar de experiência de morte e luto, e da própria ressignificação do tempo. Aparentemente, no curta-metragem analisado, não havia uma relação de poliamor, e sim uma relação de afeto construída através da relação de monogamia sendo atravessada pela heteronormatividade."
Respondida em 30/10/2020 às 12:26:55 horas.